sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Free blogger

Volto aqui para destacar, entre tantos acontecimentos que continuo acompanhand0 através do blog de Beppe, a mais atual reação do governo berlusconiano aos fenômenos da rede: o projeto de lei Levi/Veltroni, mais conhecida como "amazzablogger", ou seja, "mata-blogger". Para saber mais sobre ela, leia o post no blog de Beppe.

Imediatamente, Beppe Grillo lançou uma campanha contra a lei em seu blog. Pede que blogueiros de todo o mundo enviem-lhe uma foto com os dizeres Free Blogger. Vale participar, não por temor da aprovação da lei, mas para registrar um protesto contra a ignorância de quem a concebeu. Basta estar minimamente conectado para entender por quê esta lei já nasce morta.

Eu já mandei a minha, e ela pode ser vista no endereço abaixo. Trata-se de uma comunidade do Flickr onde estão sendo colocadas todas as fotos enviadas.
http://www.flickr.com/photos/32358021@N03/3029797364/

Semelhanças com o projeto de lei do nosso caríssimo e equivocadíssimo Senador Azeredo não são meras coincidências. Trata-se, em última análise, dos conflitos vividos por uma sociedade em transição, dividida entre dois paradigmas muito diversos. E o Estado, pelo menos em grande parte dos países, ainda vive no paradigma analógico e procura desesperadamente enquadrar, sem sucesso, o paradigma da sociedade digital e em rede, a qual ainda não compreende.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

E a saga chega (quase) ao fim...

Sim, cheguei ao fim, e concluí o TCC, cujas aventuras e desventuras ficaram registradas neste blog, aberto em outubro de 2007. No final, foi a minha cabeça que sobrou, sim, mas não intacta e muito menos a mesma. Está povoada de muitas outras cabeças, que agora a habitam, de pensamentos que antes ali não haviam, após o processo extenuante e fascinante de construir um pensamento sobre algo que a instigava.

Este trabalho terminou bem diferente do que foi concebido, como se pode notar pelos primeiros posts. Comecei pensando em falar mais sobre a política, o território e as redes sociais urbanas, e por fim o trabalho girou mais em torno da comunicação, da opinião pública e da democracia, com um foco no choque entre as sociedades condicionadas pela tecnologia comunicativa analógica e as novas organizações sociais condicionadas pela tecnologia digital e pela rede. Apesar de ter terminado tão diferente de como começou, sinto que o objetivo da minha pesquisa e o objeto da minha curiosidade foram plenamente atingidos.

O trabalho é constituído a partir de uma pesquisa bibliográfica, e portanto por um percurso teórico que ocupa 3 dos 4 capítulos. O último capítulo é dedicado à análise do blog de Beppe Grillo, que me pareceu o exemplo perfeito de todos os fenômenos observados ao longo da reflexão teórica.

Nos posts subjacentes, eu coloco os links para os textos originais dos Comunicados Políticos (Comunicati Politici), posts cujos trechos foram citados no TCC, e uma videografia, com alguns vídeos que considerei exemplares para alguns temas abordados no trabalho.

Os links para o trabalho estão na barra lateral.

É isso, por enquanto. Este fim, batalhado por meses com suor, sangue e, não raro, lágrimas, agora não me parece mais do que um começo...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Comunicados Políticos

Comunicado Político n. 1

Comunicado Político n. 2


Comunicado Político n. 3

Comunicado Político n. 4

Comunicado Político n. 5


Comunicado Político n. 6

Comunicado Político n. 7

Comunicado Político n. 8

Comunicado Político n. 9


Comunicado Político n. 10


Comunicado Político n. 11

Comunicado Político n. 12

Comunicado Político n. 13

Videografia

Os vídeos aqui colocados são apenas uma amostra dos inúmeros vídeos disponíveis no Youtube, sobre os temas abordados abaixo. Para ver mais a respeito, recomenda-se abrir os links na própria página do youtube e ver os vídeos relacionados.


V-Day, em 8 de setembro de 2007, em Bologna:


http://www.youtube.com/watch?v=SKh5_7mWBaQ&e



http://www.youtube.com/watch?v=HPzzPNcApFw


V2-Day, 25 de abril, Torino


http://www.youtube.com/watch?v=SDwCj4kdRFc


http://www.youtube.com/watch?v=nbjNZmOmEqs&feature=related


Nestes vídeos, Beppe Grillo fala, juntamente com os integrantes da lista cívica de Treviso, a uma multidão na praça. Há uma passagem interessante em que Grillo opõe o lugar físico ao lugar virtual, questionando a construção de um prédio da Região da Lombardia, quando os trabalhadores poderiam perfeitamente trabalhar em casa, conectados à rede.


http://it.youtube.com/watch?v=4Y1B4xecorg&NR=1



http://it.youtube.com/watch?v=vzb_H0pQNfI&NR=1


Grillo, em Catania, critica os incineradores e a falta de informação promovida pela mídia tradicional a respeito da questão energética.


http://it.youtube.com/watch?v=L26SGY6xx5o&feature=related




Sobre o confronto entre a polícia e os manifestantes em Chiaiano, bairro de Napoli.


http://it.youtube.com/watch?v=9BzULnUBPXg


http://it.youtube.com/watch?v=VnnIdQqGhEU&feature=related


Passaparola de 19/05 e 26/05, com Marco Travaglio:


http://www.youtube.com/watch?v=02y82PwU_5s&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=qQMmt2AiebU&feature=user


Um exemplo da multiplicação espontânea da informação na rede:

http://www.youtube.com/watch?v=g61MQ5HHg_A&e

sexta-feira, 25 de abril de 2008

V2 Day. Agora!

Estou no trabalho mas acompanhado como posso o V2 Day, que está acontecendo na Itália neste momento. Se pode acompanhar a transmissão do VDay em Torino, em tempo real, pela C6 TV.

Colocarei aqui o dia todo trechos que eu quero destacar do discurso de Grillo, começando por essa:

"Per parlare di operai non servono più i sindacalisti, servono gli operai!" Beppe Grillo

"Si deve separare nettamente la politica e il potere economico dalla comunicazione" Marco Travaglio

"Questa piazza non è mai stata piena cosi, dal dopo guerra ad oggi" Beppe Grillo, sobre Torino, onde estão cerca de 130.000 ou 140.000 pessoas

"Per avere qualcosa oggi qua in Italia bisogna fare rumore" Ida, uma mãe convidada ao palco por Beppe Grillo

"È qualcosa di incredibile, questa agregazione senza l'informazione ufficiale. Oggi, la abbiamo sbattuta." Riccardo, cidadão de Napoli convidado por Beppe Grillo

"Scrivere sulla rete è diverso di scrivere sui giornale. La rete sta tirando fuori tutti gli intermediari, sia i politici, sia i giornali. E il futuro è li! Oggi, la prima TV del mondo è Youtube!" Beppe Grillo

"Tutte le volte in cui io posso avere la voce, io la prendo". Filha de Aldo Moro

"Credo che dovete fare qualcosa insieme, invece di fare contro". Idem

"Non si può vivere contro, si deve vivere a favore". Idem

"Io vorrei rubare questa V a Grillo e dire che c'è tanta gente che dovrebbe vergognarsi". Idem.

"La politica si fa nei comune. Saremo i citadini informati dentro i comuni". Beppe Grillo

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Capítulo 1

A história do gênero humano é uma história da linguagem. Não é possível imaginar o homem fora de uma concepção puramente animalesca sem levar em consideração a linguagem. Acima de tudo, sem a linguagem não seria possível nem mesmo imaginar, nem mesmo fazer esta auto-projeção, ou outra projeção qualquer, operações que supõem um espaço ausente, virtual. “A partir da invenção da linguagem, nós, humanos, passamos a habitar um espaço virtual, o fluxo temporal tomado como um todo, que o imediato presente atualiza apenas parcialmente, fugazmente. Nós existimos”[1].

Essa constatação, embora seja de uma desconcertante obviedade, é a premissa que nos permite escolher o fio condutor deste trabalho. Sendo a linguagem imprescindível ao homem, é perfeitamente aceitável contar uma história do homem através daquilo que organiza os fluxos da sua linguagem. Isto significa analisar as sociedades a partir das suas tecnologias da comunicação.

“As mídias não são meios”[2], diz Abruzzese, ao parafrasear aquilo que já há tanto tempo enunciou Mcluhan, embora seu paradigma ainda pareça demasiado estranho à academia de ciências sociais e comunicação. As mídias certamente não são meios, se estes são concebidos como instrumentos. Mas, se ao invés disso, entendemos meios como hábitats, neste sentido, a enunciação se inverte. As mídias são os meios. São os meios que habitamos. São o nosso meio-ambiente, o modo como se organiza toda uma paisagem de signos, símbolos, afetos e informações. Para Abruzzese, as mídias são uma “forma de vida territorial, e não só um veículo de mensagens”[3]. “O meio é a mensagem. A frase diz: o meio é o conteúdo da comunicação porque é a prótese de quem comunica; portanto, as mídias são os sujeitos sociais no ato de dar forma relacional a si mesmas; e esta forma exprime a natureza social, política, da dimensão territorial onde se exprime e é reconhecida”.[4]

Poderíamos dizer que a mídia, meio-ambiente, hábitat, determina. Mas isso seria repetir os enganos tantas vezes cometidos já desmistificados dos determinismos que, ao deslocarem o ponto de vista para fora do ser humano, acabam por apagar a dimensão humana. Cabe aqui uma importante distinção conceitual pontuada por Pierre Lèvy: a mídia não determina, mas condiciona. “Importa no entanto sublinhar que o aparecimento ou a extensão de tecnologias intelectuais não determinam automaticamente este ou aquele modo de conhecimento ou de organização social. Distingamos portanto cuidadosamente as ações de causar ou de determinar, de um lado, e as de condicionar ou tornar possível, de outro. As técnicas não determinam, elas condicionam. Abrem um largo leque de novas possibilidades das quais somente um pequeno número é selecionado ou percebido pelos atores sociais”.[5]

As tecnologias intelectuais, da comunicação ou da informação condicionam certos usos e fluxos de linguagem, e portanto certas configurações sociais, psicológicas, cognitivas, culturais, econômicas e políticas. Ao longo da História, diversas tecnologias da informação foram sempre acompanhadas de correspondentes formas de organização social, assim como as suas transformações são sempre acompanhadas por transformações sociais.

Dessa maneira, procuraremos analisar estas configurações à luz das suas respectivas modalidades comunicativas, a saber: a comunicação oral, a escrita, o alfabeto, a imprensa, os meios eletrônicos de massa e, por fim, o digital, revolução contemporânea em cujo turbilhão nos encontramos agora.

A linguagem, segundo Lèvy, inventa o Tempo. Ela “virtualiza um ‘tempo real’ que mantém aquilo que está vivo prisioneiro do aqui e agora. Com isso, ela inaugura o passado, o futuro e, no geral, o Tempo como um reino em si, uma extensão provida de sua própria consciência”.[6]

As culturas orais vivem um tempo cíclico. Seu passado, presente e futuro são constituídos no tempo longínquo do Mito, e depende da memória “encarnada”, territorializada, dos indivíduos que estão presentes e funcionam, eles mesmos, como suportes para a transmissão da bagagem simbólica da comunidade. A questão do poder nestas sociedades também é estritamente ligada ao domínio da palavra. “As culturas orais oferecem o poder àquele que possui o controle do verbo”.[7] Na cultura oral, o senso de coletividade é prevalente, como se pode observar nesta afirmação de De Kerchkove: “De fato, ainda que tal poder seja gerido pelo orador, enquanto linguagem exteriorizada, oral, é em todo caso plenamente condividido e portanto inclui – possui – de modo unitário, tanto o orador quanto o seu auditório”.[8] Aqui, o contexto que permeia a comunicação e a circulação das informações no interior da comunidade é presente e partilhado por todos os interlocutores.

Nas sociedades orais, o elemento mais relevante para a comunicação entre os membros é a palavra falada. Logo, a audição desempenha um papel fundamental neste processo. Os membros de uma cultura oral vivem “no mundo implícito e mágico da ressonante palavra falada, (...) um mundo carregado de significado direto e pessoal para quem ouve”.[9] Essa característica influencia diretamente a percepção do tempo nestas sociedade: o som é concomitante ao tempo real, é um evento com uma duração muito precisa – ele começa e termina no presente, depois se esvanesce. A palavra falada só existe no momento de sua enunciação, e sua transmissão só pode se efetuar através da repetição. Logo, o tempo relevante é o presente, e a sua percepção é cíclica.

A invenção da escrita opera um grande salto rumo à virtualização e à desterritorialização. A escrita é a desterritorialização da mensagem, e antes de tudo, é a “desencarnação” da mesma. Ela separa, no tempo e no espaço, a mensagem do seu suporte vivo, o homem, desvinculando-a não só do seu corpo e da sua existência mortal, mas também do contexto à qual pertence. “Virtualizante, a escrita dessincroniza e deslocaliza. Ela fez surgir um mecanismo de comunicação no qual as mensagens freqüentemente estão separadas no tempo e no espaço de sua fonte de emissão, e portanto são recebidas fora de contexto”.[10] A escrita inaugura o tempo histórico, a marcação, a numeração, a quantificação do tempo. Permite uma acumulação mais eficiente de conhecimento e uma ampliação da memória para além dos limites mneumônicos dos indivíduos da comunidade. “O espírito humano pôde então olhar para o passado de outra maneira que não pela imaginação, pelos mitos e pelos vestígios materiais. A nova abundância de testemunhos lingüísticos em proveniência do antigamente ou de mundos culturais longínquos permitiu colocar em perspectiva as percepções presentes e os projetos para o futuro.”[11]

O surgimento da escrita, porém, não é imediatamente acompanhado pela sua popularização enquanto tecnologia da comunicação. Por muito tempo, o domínio da escrita significou o domínio do conhecimento e da informação – e portanto do poder – e foi mantido como um oligopólio restrito a escribas, sacerdotes, monges. Antes da invenção das técnicas de impressão, a escrita era uma arte dominada por poucas figuras, geralmente associadas ao poder religioso e político. “Muito antes de se apresentar como uma relação de força entre os indivíduos, o poder deriva de uma relação entre a pessoa e a palavra”.[12]

Verifica-se aqui, assim como veremos ainda muitas vezes, não só a relação entre o domínio da informação e o poder, mas também a estreita relação entre poder e opacidade. Aqueles que podem ver, conhecer, tomar ciência exercem o domínio sobre aqueles que não podem fazê-lo. É o q Bobbio e outros autores chamam de “assimetria”. O poder tudo vê, os súditos nada vêem.

“O nascimento da escrita está ligado aos primeiros Estados de hierarquia piramidal e às primeiras formas de administração econômica centralizada (imposto, gestão de grandes domínios agrícolas)”.[13] “Os escribas, os primeiros empregados estatais, eram os únicos capazes de ler as leis, redigir os documentos e controlar as contas”.[14]

Se o domínio da escrita e o monopólio da leitura deram origem a Estados autocráticos, opacos e fortemente hierarquizados, a difusão das mesmas através do alfabeto dá origem aos primeiros respiros da democracia. O alfabeto, padronizando os caracteres e, conseqüentemente, criando um mínimo de regras para a reprodução da palavra na forma escrita, torna a escrita – e a leitura – uma prática acessível a todos que condividam aquele sistema alfabético. O nascimento do alfabeto diz respeito à gramática, que para Pierre Lèvy é o fundamento da virtualização: “As operações de gramatização recortam um continuum fortemente ligado a presenças aqui e agora, a corpos, a relações ou situações particulares, para obter afinal elementos convencionais ou padrão. Esses átomos são destacáveis, transferíveis, independentes de contextos vivos. Já formam o grau mínimo do virtual na medida em que cada um pode ser atualizado numa variedade indefinida de ocorrências, todas qualitativamente diferentes, mas no entanto reconhecíveis como exemplares de um mesmo elemento virtual (...) O destino da escrita ilustra particularmente bem a gramatização; o que a etimologia confirma: gramma, em grego antigo, é a letra”.[15]

“A democracia é a grande história de amor entre a linguagem e a cultura da leitura e da escrita”.[16] O fato é que, transformando a escrita num código padronizado, inteligível e socialmente partilhado, o alfabeto promoveu a disseminação da leitura. Esta é a própria semente da democracia: aqueles que conhecem o alfabeto podem ler, conhecer, analisar e discutir as leis, bem como participar do seu processo de produção. “Com a chegada do alfabeto, a leitura torna-se acessível à maioria. Redigida em caracteres alfabéticos a partir do século VI a.C., a lei das cidades gregas torna-se legível por todos, donde o surgimento do conceito e da prática de cidadania”.[17]

A democracia grega tinha como pressuposto não o fato de que o poder fosse exercido pelo povo, mas sim que o poder pudesse ser exercido por qualquer um. Claro, devemos pontuar que esta afirmação se estende àqueles que eram considerados cidadãos, e isso excluía mulheres, escravos e estrangeiros. Porém, é notável como não só a idéia de cidadania é intrinsecamente ligada ao acesso à informação, como também a idéia de horizontalidade na participação política. Estas nos são conceitos caros que nos convém retomar mais tarde.

A prática da leitura opera no interlocutor um processo interessante. A leitura exige um esforço maior de interpretação, mobilizando a polifonia interna do leitor na associação, construção e desconstrução de um significado para aquele discurso cheio de lacunas. “Tal é o trabalho da leitura: a partir de uma linearidade ou de uma platitude inicial, esse ato de rasgar, de amarrotar, de torcer, de recosturar o texto para abrir um meio vivo no qual se possa desdobrar o sentido”.[18] A interpretação, embora resultado da polifonia social em que o indivíduo se insere, é uma elaboração individual, assim como o próprio ato da leitura também o é. A leitura inicia um processo de individualização do interlocutor, que recebe a mensagem não mais coletivamente como na tradição oral, mas individualmente. “A grande revolução renascentista é representada pela passagem da coletividade à individualidade”.[19]

Segundo Mcluhan[20], a transformação da palavra falada em palavra escrita “destribaliza” o homem. A palavra falada é carregada de tons, matizes, performances, sentimentos, modulações, e é indissociável tanto de seu enunciador quanto da dinâmica social da comunidade. A palavra falada é “quente”, pertence ao presente e ao contexto. O alfabeto permite que a palavra falada seja escrita, ou seja, a transporta para uma tecnologia não mais auditiva, mas visual. Desta maneira, a palavra se descontextualiza, se impersonaliza. “A noção das palavras como fortes, ressonantes, vivas, ativas e naturais é substituída pela noção das palavras como portadoras de ‘sentido’ e ‘significado’. (...) Perdem muito do elemento pessoal no sentido em que a palavra escutada nos foi dirigida, geralmente, enquanto a palavra vista não o foi, e a lemos ou não, conforme quisermos”.[21]

O alfabeto, ao permitir a transcrição da fala em um código visual, “esfria” a palavra. Não apenas a construção do sentido deixa de ser preponderantemente coletiva (nunca o deixará de ser, porém, na leitura, torna-se um esforço individual), como também a própria existência da palavra torna-se indiferente, exterior a quem a recebe. A palavra desatrelou-se do suporte humano, e sua existência prolonga-se para além do presente, estendendo-se ao passado e projetando-se até o futuro. “As palavras, ao se tornarem visíveis, passam a fazer parte de um mundo de relativa indiferença para com aquele que as vê”.[22]

Isto provoca alterações qualitativas no senso de coletividade, introduzindo a noção de individualidade e diminuindo o potencial coercivo da comunidade. Nas culturas orais, a verbalização interna – o pensamento – é entendido igualmente como conduta social. O alfabeto fonético, separando a idéia do ato de falar, permitiu pela primeira vez a idealização livre, separando o “pensar” do “agir”. “Em uma sociedade altamente civilizada[23], a adequação da conduta ao visível deixa o indivíduo livre para desviar-se interiormente”.[24]

O próximo passo na aventura da linguagem rumo à virtualização foi dado pela imprensa.

Com a Revolução de Gutenberg e a invenção das técnicas de impressão, a escrita e conseqüentemente a produção do livro desvinculam-se da capacidade humana de produção e reprodução do caractere. “A escrita (a gramatização da fala) separa a linguagem de um corpo vivo e de uma situação particular. A impressão leva adiante esse processo ao padronizar a grafia, separando o texto lido do traço direto de uma performance muscular. O aspecto virtualizante da impressão é o caractere móvel”.[25]

Antes, o monge empenhava toda a sua vida na cuidadosa tarefa de copiar livros que não ultrapassariam nunca as muralhas do mosteiro. Agora, livros inteiros são impressos antes que a mão humana possa copiar algumas páginas. A imprensa acelera, espalha e intensifica o fluxo de informação. Ela facilita não só o acesso ao livro – antes mantido sob a custódia dos eclesiásticos – difundindo a leitura e a alfabetização, como também permite posteriormente o surgimento de meios de comunicação de massa impressos, como os jornais.

É muito significativo observar como o fim do monopólio do livro pela Igreja foi acompanhado por profundas transformações sócio-políticas. Uma vez que o próprio fiel pudesse ter acesso à Bíblia, diretamente, e não por meio da palavra do padre, estava aberto o campo da polissemia e das interpretações, que eventualmente poderiam não coincidir com aquelas desejadas pela própria Igreja. Este foi um passo decisivo para as Reformas Religiosas e para o início da separação entre Igreja e Estado.

A grande difusão da prática da leitura, proporcionada pela imprensa, terminou por completar a passagem, sobre a qual falamos anteriormente, da coletividade para a individualidade. A imprensa opera dois processos aparentemente antagônicos que marcam a modernidade: o surgimento de uma esfera pública, comum – e logo, da opinião pública – e o desenvolvimento de uma esfera privada, ligada à individualidade que, como já vimos, é fomentada pela própria natureza da prática da leitura. Entendendo o espaço público como uma condição de diálogo entre membros de uma determinada comunidade sobre temas que sejam do interesse de todos – ou, como prefere Lèvy, “um espaço partilhado de visibilidade e comunicação coletiva”[26] -, podemos inferir que a imprensa provocou um alargamento do espaço público. Este, primeiramente, circunscrevia-se às vizinhanças, ou no máximo às pequenas cidades, e era muito difícil de distingui-lo da vida privada dos membros da comunidade. A partir da imprensa, que permitia a circulação de informações de proveniência distante, a condição de pertencimento ao espaço público deixou de ser a proximidade geográfica e passou a ser a língua.“Em sociedades que usam sobretudo a comunicação oral, a ‘esfera pública’ é confinada à comunidade daqueles a quem podemos falar diretamente (clã, tribo, vilarejo) e é portanto difícil distinguí-la da esfera privada. A esfera pública moderna, por contraste, é baseada na informação publicada nos jornais, revistas ou nos livros, e por isso é claramente separada da esfera privada. Nos séculos sucessivos à invenção da imprensa, os jornais criaram um espaço público que podia unir milhões de pessoas que falavam a mesma língua dentro de uma vasta área”.[27]

O desenvolvimento da imprensa, que eleva a natureza do “nós” do local e imediato ao nacional e mediado (midiatizado), foi condição sine qua non do desenvolvimento dos Estados Nacionais. “A forma política do Estado Nação, como as modernas democracias e o conceito de direitos humanos é extremamente ligada à esfera pública moderna, baseada na imprensa”.[28]

Até aqui, percorremos um percurso de crescente virtualização da mensagem, de aceleração e generalização do fluxo de informação. Com a invenção da escrita, a mensagem se desvincula do corpo e da presença viva; com o alfabeto torna-se acessível a todos que partilham deste código; e com a tipografia, desvincula-se o caractere do gesto humano, acelera-se a sua reprodução, promove-se a sua padronização; com a imprensa, a mensagem se liberta da contingência geográfica, percorrendo vastas distâncias num suporte leve e descartável – o papel.

A próxima tecnologia viria a transformar para sempre o tempo e o ritmo das transformações culturais da humanidade, que conheceu, a partir de sua introdução, velocidades nunca antes vistas e exponencialmente crescentes. Ela impactou direta e definitivamente sobre as tecnologias da comunicação precedentes. Trata-se da eletricidade. “Creio que o título de grande transformador da cultura mundial deva atribuir-se à eletricidade. (...) A corrente elétrica penetra as nossas vidas, os nossos pensamentos e os nossos corpos e, em um certo sentido, os torna permeáveis”.[29]

A eletricidade, o magnetismo e suas relações vêm sendo estudados desde o século XVI. [30] Mas foi apenas no século XIX que estes estudos conheceram grande progresso e puderam ser transformados em tecnologias efetivas. Maxwell prevê a existência de ondas eletromagnéticas, confirmada mais tarde por Hertz; Thomas Edison instala em Manhatan o primeiro sistema de distribuição de energia elétrica; anos depois, Guglielmo Marconi realiza a primeira transmissão telegráfica da História, inventando o telégrafo e, conseqüentemente, o rádio.

A invenção do telégrafo dá um passo decisivo em direção à desterritorialização: a mensagem agora não depende mais de um suporte físico para chegar ao seu destino. Ela viaja pelo ar, torna-se imaterial, e só depende do suporte – o aparelho – no momento de sua produção e no de sua recepção. A mensagem percorre toda a distância entre um ponto e outro pelo ar, é invisível, propaga-se na forma de ondas eletromagnéticas. O telégrafo representa a primeira manifestação de uma grande Revolução Comunicativa: a dos meios eletrônicos de massa, os Mass Media.

A história dos meios de comunicação de massa pertence inteiramente ao século XX e provocou, em cerca de 50 anos, mudanças bruscas e definitivas na cultura das sociedades que os incorporaram. O início do século, marcado pelo nascimento de diversas novas tecnologias, viu o surgimento daquilo que se convencionou chamar de cultura de massas. “A cultura de massas originou-se no jornal com seus coadjuvantes, o telégrafo e a fotografia. Acentuou-se com o surgimento do cinema, uma mídia feita para a recepção coletiva”.[31]

O rádio, cuja primeira transmissão data de 1906[32], popularizou-se já nas três primeiras décadas do século. Já representava uma das formas principais de entretenimento e informação, tornando-se um aparelho indispensável à maioria das casas. O rádio representa um forte retorno da primazia da audição no processo de comunicação, à medida que transmitia para milhares de pessoas narrativas orais e sonoras.

Algumas décadas depois, assistir-se-ia à também rápida popularização da televisão, meio de comunicação chave para entender a cultura de massas. O primeiro televisor foi inventado em 1925[33], e a primeira grande transmissão data de 1936. Porém, só nos anos seguintes à Segunda Guerra é que a televisão conheceu uma rápida difusão. Segundo Lúcia Santaella, “foi só com a TV que se solidificou a idéia do homem de massa junto com a idéia de mass media”. Isto porque a televisão contém todas as características do processo de comunicação na era das mídias de massa. Na cultura massificada, a comunicação é piramidal e unidirecional – o conteúdo provém de alguns poucos emissores, detentores dos meios de comunicação, e pressupõe uma recepção massiva e passiva. “A lógica da televisão é a de uma audiência recebendo informação sem responder. O único feedback possível se dá através de medições, padrões de compra e estudos de mercado. Disso decorre a natureza fundamental de um meio de difusão: o padrão de energia viaja num só sentido, na direção do receptor, para ser consumido com uma resistência mínima”.[34]

Nesta época dominada pelas “indústrias da consciência”[35] , vemos surgir, não por acaso, diversos paradigmas e teorias da comunicação, da teoria hipodérmica à Escola de Frankfurt, passando pelos funcionalistas e diversos esquemas simplificados do caminho da mensagem no sistema emissão-recepção.

É um período caracterizado por uma visão fortemente apocalíptica dos meios de comunicação, a exemplo do Grande Irmão, de George Orwell, e das duras críticas de Theodor Adorno à cultura de massa, considerada um empobrecimento em relação à cultura erudita. “A televisão, com seu apetite voraz, devoradora de quaisquer formas e gêneros de cultura, tende a diluir e neutralizar todas as distinções geográficas e históricas, adaptando-as a padrões médios de compreensão e absorção. (...) Tanto a televisão quanto os demais meios de massa (rádio, jornal, revista), moventes e voláteis, se esquivam à divisão dos estratos culturais de acordo com as classes sociais: elite ou povo”.[1]

Antes que se pareçam demasiado exageradas ou neuróticas, devemos lembrar que as preocupações destes autores são concomitantes ao florescimento dos grandes regimes totalitários do século XX. O nazismo, fascismo e stalinismo fizeram amplo uso dos meios de comunicação de massa para propagar suas ideologia, e grande parte da hegemonia que exerceram se deve à hábil manipulação das massas através destes meios, notoriamente o cinema e o rádio.

Contudo, ao invés de levar a cabo uma temida homologação total das massas por um poder e uma ideologia dominantes, os meios de comunicação de massa pareceram colaborar em outro sentido. Na mesma intensidade com que foram úteis a propagação do totalitarismo, os mass media foram indispensáveis à constituição das democracias contemporâneas, continuando e intensificando o processo de ampliação da opinião pública e de fortalecimento das unidades nacionais, por meio da unificação lingüística e da grande afluência de imagens e informações de todos os cantos do país. Da mesma maneira, contribuíram para o enfraquecimento desta mesma unidade e para a expansão do espaço perceptivo para além das fronteiras da nação. “Quando apareceram pela primeira vez, as mídias audiovisuais (rádio, cinema e televisão) intensificaram o poder da esfera pública nacional. Mas em seguida, de 1960 em diante, as mídias eletrônicas geraram gradualmente um espaço público mais vasto, mais complexo e muito menos restrito aos confins geográficos dos Estados-Nação”.[2]

Segundo o filósofo Gianni Vattimo, ao invés de reforçarem um ponto de vista dominante, os meios de comunicação de massa foram possibilitaram, ao contrário, a própria dissolução dos pontos de vista centrais, introduzindo imagens, histórias e pontos de vista outros, de outras culturas e sociedades que até então haviam permanecido à margem e submetidas a uma suposta verdade universal emanada pelo centro. Heidegger descreve a modernidade como a época das imagens de mundo[1], e a multiplicação destas imagens é o que determinaria o fim da própria modernidade, segundo Vattimo. “A rádio, a televisão, os jornais se tornaram elementos de uma grande explosão e multiplicação de Weltanschauungen, de imagens de mundo”.[2] A modernidade, que caracteriza por um ideal de autotransparência que tem como pressuposto uma História de sentido único, vê-se fragmentada pela pluralização introduzida pelos mass media, por diversos centros emanadores de sua própria história, sua própria narrativa, seu próprio ponto de vista.

Talvez um dos primeiros exemplos mais expressivos deste efeito “inverso” dos mass media e de um autêntico fenômeno de opinião pública, seja a reação da população americana à guerra do Vietnã, que foi a primeira guerra televisionada da história. Era a primeira vez que o povo americano podia entrar em contato com as imagens de uma guerra empreendida pelo seu Estado contra outro do outro lado do globo. A comoção causada pelas imagens, vistas pela primeira vez, de violência e morte dos soldados americanos e vietcongs provocou uma violenta reação da opinião pública e a explosão de diversos movimentos de oposição à política bélica americana.

A pluralização dos pontos de vista possibilitada pelos meios eletrônicos de massa provoca o fim do sentido unitário da História e a queda das grandes narrativas, o que significa também uma crise da idéia de verdade. “A intensificação das possibilidades de informação sobre a realidade nos seus mais variados aspectos torna cada vez menos concebível a própria idéia de realidade. Realiza-se talvez, no mundo dos mass media, a profecia de Nietsche: no fim, o mundo verdadeiro transforma-se em fábula”.[1]

Vattimo enxerga no abandono da verdade e do ideal de autotransparência a real chance de emancipação. “O que pretendo propor é que na sociedade dos media, em vez de um ideal de emancipação modelado pela autoconsciência completamente definida, conforme o perfeito conhecimento de quem sabe as coisas (seja ele o Espírito Absoluto de Hegel ou o homem não mais escravo da ideologia como o pensa Marx), abre caminho a um ideal de emancipação que tem antes na sua base a oscilação, a pluralidade, e por fim o desgaste do próprio ‘princípio de realidade’”.[2] A tão almejada transparência termina por revelar-se múltipla, inapreensível na sua totalidade, e descobrimos, olhando através, que não há nada por trás, não há uma verdade a ser descoberta. A emancipação consiste em assumir e reconhecer a pluralidade do mundo, e reconhecer-se nela; “Viver neste mundo múltiplo significa fazer experiência da liberdade como oscilação contínua entre pertença e desenraizamento”.[3]

“Continuar a sonhar sabendo que se sonha”, como propõe Nietsche. Nisto consiste a verdadeira liberdade.

Além de modificar gradativamente o plano ontológico na sociedade de massas, os mass media sofreram transformações em sua própria natureza, no plano prático e até mesmo mercadológico, modificando a dinâmica de relações com seus usuários. Lúcia Santaella localiza um período tardio na era da cultura de massas, ao qual chama de cultura das mídias. Por volta dos anos 70 e 80, a introdução de novas tecnologias tais quais as máquinas de xérox, fax, videocassete, gravador, câmeras filmadoras portáteis, videogames permitiram ao usuário/ receptor/ consumidor uma relação menos passiva com os meios de comunicação de massa. Afinal, torna-se possível copiar, editar, gravar, criar, interagir, reproduzir e produzir, ainda que os custos, em termos de tempo e dinheiro, não fossem insignificantes. Além disso, novas formas de consumo da televisão, como a TV a cabo e o narrowcasting possibilitaram o surgimento de uma produção cultural mais segmentadas e específica, dando ao consumidor maior liberdade de escolha e desmassificando a recepção. “O fato de que nem todos assistem à mesma coisa simultaneamente e que cada cultura e grupo social tem um relacionamento específico com o sistema da mídia faz uma diferença fundamental vis-à-vis o velho sistema de mídia de massa padronizado. Além disso, a prática do surfing (assistir a vários programas ao mesmo tempo) pela audiência introduz a criação do próprio mosaico visual”.[1]

Vale ressaltar que tal fenômeno não ocorreu apenas com a televisão, mas de certo modo perpassou todos os meios de comunicação de massa; a multiplicação de revistas, jornais e rádios cada vez mais especializados e direcionados a um público definido, reconhecendo, na massa, segmentos diversos, e fomentando uma crescente diferenciação. É já impossível enxergar a massa como um todo homogêneo e impessoal. Já não estamos mais na cultura massificada, de produção padronizada e indiferente às particularidades. Entramos, no plano econômico e mercadológico, filosófico e ontológico, num mundo de crescente pluralismo e descentralização, onde a passividade já não predomina nos fluxos comunicativos. Um mundo cada vez mais acelerado e perpassado pela eletricidade. Estão lançadas as bases para a cultura digital.



[1] SANTAELLA, Lúcia. (citação de alguém) Pg 81



[1] VATTIMO, Gianni. A sociedade Transparente, pg 13

[2] Idem

[3] VATTIMO, Gianni. A sociedade Transparente, pg 16



[1] VATTIMO, Gianni. A sociedade Transparente, pg 22

[2] Idem, pg 11



[1] Idem

[2] LÈVY, Pierre. Verso la Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 5




[1] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 71

[2] ABRUZZESE, Alberto. L’Innovazione tra Post-Democrazia e Post-Umanitá, in Dopo La Democrazia, pg 43.

[3] Idem, pg 42.

[4] Idem, pg 43.

[5] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 101

[6] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 71

[7] KERCHKOVE, Derrick De. Dalla Democrazia alla Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 58

[8] Idem.

[9] MCLUHAN, Marshall. La Galáxia Gutenberg, pg 36

[10] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 38

[11] LÈVY, Pierre. Ciberdemocracia, pg 33

[12] Idem, pg 57

[13] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 100

[14] LÈVY, Pierre. Dopo La Democrazia, pg 5

[15] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 88

[16] ABRUZZESE, Alberto. L’Innovazione tra Post-Democrazia e Post-Umanitá, in Dopo La Democrazia, pg 7.

[17] LÈVY, Pierre. Ciberdemocracia, pg 34

[18] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 36

[19] KERCHKOVE, Derrick De. Dalla Democrazia alla Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 66

[20] MCLUHAN, Marshall. La Galáxia Gutenberg

[21] Idem, pg 38

[22] MCLUHAN, Marshall. La Galáxia Gutenberg, pg 38

[23] Leiam-se sociedades alfabetizadas.

[24] MCLUHAN, Marshall. La Galáxia Gutenberg, pg 41

[25] LÈVY, Pierre. O que é o Virtual, pg 88

[26] LÈVY, Pierre. Ciberdemocracia, pg 36

[27] LÈVY, Pierre. Verso la Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 5

[28] LÈVY, Pierre. Verso la Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 5

[29] KERCHKOVE, Derrick De. Dalla Democrazia alla Ciberdemocrazia. In: Dopo La Democrazia, pg 60

[30] WIKIPÉDIA. História da Eletricidade (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_electricidade)

[31] SANTAELLA, Lúcia. Pg 79

[32] WIKIPÉDIA. Rádio (comunicação) - http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_(comunica%C3%A7%C3%A3o)

[33] WIKIPÉDIA. História da Televisão - http://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o

[34] SANTAELLA, Lúcia. Pg 79

[35] Idem.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Proto-capítulo

E então eu preciso escrever um capítolo sobre Mídia e Transformação Social. Pois bem, começarei por um belo resumão, pra pôr as idéias no lugar.

A idéia é relacionar modalidades comunicativas a certas configurações sociais, de poder, e da esfera pública, e a ceros níveis de desterritorialização e virtualização.

A oralidade e as sociedades cíclicas, memória transmitida através dos mitos.

A escrita e a virtualização da memória, o "desencarnar" da mensagem, a constituição da idéia de passado e futuro, o monopólio de poder pelos escribas e sacerdotes.

O alfabeto e a ampliação do alcance da mensagem, o surgimento das leis, da democracia, e do espaço público da Ágora;

A imprensa e o surgimento da esfera e da opinião pública, a constituição dos Estados Nacionais.

Os meios eletrônicos de massa, o fortalecimento da esfera e da opinião pública, a unidade do Estado-nação, as democracias modernas, a multiplicação das imagens de mundo e o contato com a alteridade.

Após este longo percurso, e tendo chegado até os mass media, estamos a um passo do "fim da modernidade" proposto por Vattimo, da incorporação da pluralidade na "sociedade transparente". Este aspecto deve ser longamente discutido, até que culmine na sociedade em rede, filha de tudo isso.

E daí já são cenas de um próximo capítulo...