terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Estrutura do TCC

Este é um primeiro ensaio daquilo que está em gestação há muuuuuitos meses, e que só agora consigo vislumbrar:

Introdução
Blá, blá, blá...

História da política e Formação do Estado no ocidente
Falarei da história da relação entre poder e território, da formação dos modernos Estados ocidentais. A aula doProf. Michele Prospero me será muito útil nesta parte...

Desenvolvimento do conceito de pessoa política e de cidadania
História da relação entre sujeito e território.

Participação política
História da relação entre sujeito, território e poder.

Revoluções comunicativas e modalidades políticas
Traçar um paralelo entre as diversas revoluções comunicativas e as modalidades políticas, tanto de poder como de participação.

Revolução Digital
Um capítulo inteiramente dedicado à última revolução comunicativa até então.

O digital e o território
Impactos das tecnologias digitais sobre o conceito de território (falar das meta-territorialidades).

Impactos do digital na política
Tcham tcham tcham tcham... Deixo claro que aqui entenderei a política como a relação entre sujeito ou grupos humanos e território.

ESTUDO DE CASOS

O digital baseado no território - ex e-government, regiões digitais

O digital que explode o território - ex: cyberativismo

Bem, é meio assustador, e muitas coisas precisam ser pensadas melhor ainda... Aguardo instruções do orientador, inclusive na sugestão de bibliografia para cada parte!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Lembretes

É preciso fazer uma pesquisa sobre a história e os significados do termo "cidadania".

Preciso pesquisar sobre as regiões digitais na Itália.

Pesquisar os links sugeridos no livro do Pierre Levy!

Ler algo de David Brin ou Bruce Sterling.

Ciberdemocracia - Governância e Ciberdemocracia

Levy inicia este capítulo fazendo uma breve retorpectiva do termo "cibernética":

"(...) corrente científica transdisciplinar dos anos 1940 e 1950 que consagrou as noções de informação e comunicação no mundo científico (...) a cibernética designa a 'ciência do comando e do controle', noutros termos, a da governação. (...) Em grego, a palavra kubernétès, em que Wiener se inspirou para construir 'cibernética', significa 'o piloto', 'o homem do leme'. Nenhuma governação é possível sem um circuito de comunicação, sem espaço de circulação de comunicação"... (pg 28)

Em outras palavras, o ciberespaço, ou seja, "o universo da liguagem humana tal qual é estruturada por uma certa ecologia da comunicação", é fundamental e decisivo para a governação das sociedades. Pierre Levy reconhece, assim, a centralidade da tecnologia na organização das sociedades humanas.

"Porque transformam e aumentam as capacidades da liguagem humana, as técnicas de comunicação desempenham um papel capital na evolução da governação política. (...) Recordemos que o nascimento e a solidificação do Estado e da lei são indissociáveis da invenção da escrita. A cidadania e a democracia pressupõem o alfabeto, isto é, a possibilidade de cada cidadão ler, aplicar e criticar a lei, assim como a de participar de sua elaboração". (pg 29)

Percebe-se aqui que tratamos de sociedades estritamente ocidentais, excluindo por exemplo as sociedades indígenas, cuja organização nem sempre passa pela escrita e pelo alfabeto, não sendo, por isso, a-política. Me pergunto qual seria a opinião do autor sobre essas sociedades e seus processos políticos.

De volta ao Ocidente, vemos como as tecnologias gradualmente "desterritorializantes" fomentam a criação de um novo espaço público, que transcende o espaço físico.

"A rede telefônica mundial, a televisão por satélite, a multiplicação dos canais televisivos e, mais recentemente, a interligação mundial dos computadores (...), leva ao nascimento de um novo espaço público". (pg 29)

"A extensão do ciberespaço nos traz, simultaneamente, por um lado, mais liberdade (individual e coletiva) e, por outro, mais comunicação e interdependência". (...) O livre acesso às informações, assim como as possibilidades de associação e de contato, desenvolvem-se de maneira surpreendente nas comunidades virtuais de toda espécie". (pg 29)

"As tecnologias intelectuais do ciberespaço (...) permitem um acréscimo da capacidade técnica - e, portanto, da liberdade de agir - em todos os campos. (...) A própria natureza da cidadania democrática passa por uma profunda evolução que, uma vez mais, a encaminha no sentido de um aprofundamento da liberdade: desenvolvimento do ciberativismo em escala mundial, organização das cidades e regiões 'digitais' em 'comunidades inteligentes', em ágoras virtuais, governos eletrônicos cada vez mais transparentes ao serviço dos cidadãos e voto eletrônico". (pg 30)

Levy reforça novamente a idéia de inteligência coletiva, "uma situação em que todos os documentos e todos os sinais produzidos pela nossa espécie farão virtualmente parte de um único metatexto planetário" (pg 31), "uma diversidade máxima dos saberes, das idéias e dos recursos", para as quais a liberdade é uma condição essencial.

"A democracia compreende ao mesmo tempo a idéia de liberdade e a de inteligência coletiva" (pg 31).

"Na noção de democracia, há, simultaneamente, a idéia dos direitos e das liberdades, que implicam a eminente dignidade do cidadão (versão política da pessoa), e a da deliberação, do debate e da busca comum das melhores leis e, portanto, da inteligência coletiva". (pg 31)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ciberdemocracia - A emancipação em tempo real

Neste capítulo, Pierre Lèvy reflete sobre a rápida expansão da Internet, seus impactos no processo de "emancipação humana" e suas enormes potencialidades de desenvolvimento. Fazendo uma breve retrospectiva das revoluções comunicativas, ele mostra como a imaginação humana não conseguiu, no passado, projetar a realidade de hoje; analogamente, provavelmente a nossa imaginação, no presente, subestima as possibilidades de evolução futura.

"Quem teria previsto a World Wide Web, nas décadas que precederam sua chegada, além de um punhado de filósofos e de sábios, de engenheiros delirantes e de pensadores surrealistas?" (pg 22)

A velocidade de propagação da Internet, porém, não pode ser comparada com nenhuma tecnologia precedente. A televisão, por exemplo, foi inventada em 1925, e a primeira transmissão televisiva no Brasil data de 1948, 23 anos depois. Ao menos mais duas décadas foram necessárias para a popularização do meio. A Internet, por sua vez, foi inventada durante a Guerra Fria, e sua verdadeira popularização inicia-se a partir de 1990. No Brasil, temos um um boom da Internet a partir de 97, e uma década depois esta já se encontra definitivamente consolidada e em contínuo crescimento.

"O ciberespaço foi provavelmente o sistema que mais depressa se propagou, à escala planetária, em toda história da humanidade. Claro, ainda há muitos excluídos". (pg 22)

Porém, Pierre Lèvy considera o grande número de excluídos uma consequência do processo de expansão da Internet que, além de recente, não pode ser planificado:

" O desenvolvimento da web (e da Internet em geral) faz parte desses processos de aparência quase orgânica e não planificados que talvez formem a substância das grandes mudanças culturais". (pg 22)

"Os grandes avanços da emancipação humana (...) têm a mesma natureza, imprevisível, implanificável e incoercível". (pg 23)

Para Levy, é também intrínseca a relação entre comunicação e liberdade.

"Esta aceleração do processo de emancipação humana (...) participa no mesmo impulso vivo que a densificação das comunicações. Privadas de liberdade, as pessoas aprisionadas sabem o que lhes falta, ao passo que aqueles que podem circular e comunicar a seu talante tendem a esquecer que detêm um bem precioso". (...) A capacidade de comunicar e de circular tem uma estreita relação com o desenvolvimento da liberdade". (pg 23)

Muito do que foi dito neste trecho encontra uma perfeita ilustração nos conflitos ocorridos desde setembro na Birmânia (ver post anterior). A informação produzida e divulgada pelos próprios cidadãos se tornou uma arma tão importante contra a repressão militar que o governo chegou a cortar o acesso à Internet em todo o país.

"Mais comunicação implicará mais liberdade. No século que começa, não é somente o ciberespaço que irá crescer, será também a ciberdemocracia". (pg 23)

Hoje, começa a se tornar totalmente plausível a idéia de derrubar - ou, com certeza, desestabilizar - regimes totalitários através da rede.

Voltando à questão central da inteligência coletiva, Pierre Lèvy define a nossa atual sociedade como "a civilização do tempo real".

"A emergência do ciberespaço, novo salto fundamental na história da linguagem, também apressa a tranformação do tempo. A velocidadenormal da evolução cultural deu lugar ao tempo real. A civilização do tempo real gera um estado de inadequação do pensamento salutar permanente. (...) Se esse novo ritmo continuar, quase já não haverá qualquer diferença entre o momento da idéia e o da sua concretização. (...) Mal uma idéia é concebida, é tornada pública, entra em competição cooperativa no ciberespaço com as outras". (pg 23-24)

A idéia de competição cooperativa é um conceito já apresentado pela Escola de Chicago, na concepção ecológica de sua sociologia urbana.

"A derradeira aceleração respeita o processo de produção e troca de conhecimentos. O tempo real é essencialmente uma nova velocidade de aprendizagem coletiva". (pg 24)

Por fim, Pierre lèvy afirma que "poderíamos definir a civilização do tempo real como uma forma de organização social em que a ficção científica se tornou tão importante, senão mais, como as ciências sociais para compreender o mundo contemporâneo". (pg 24) Ele destaca dois importantes autores de ficção científica, David Brin e Bruce Sterling.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Free Burma


Birmânia. Atualmente Mianmar. Um país no sul da Ásia, fazendo fronteira com Bangladesh, Índia, China, Laos e Tailândia. Área um pouco maior que a soma de Minas Gerais e Santa Catarina, população de 55 milhões de habitantes. Um país entre tantos outros, sem nenhuma relação especial com o Brasil, sem nenhum papel de destaque no cenário internacional.



Qualquer pensamento meu sobre a Birmânia, até pouco tempo atrás, vinha de uma velha National Geographic lida há muitos anos, e se limitava ao exotismo da paisagem e a como eu achava mais legal o nome Birmânia, não tinha cabimento terem trocado por Mianmar, que é uma droga.

E quem trocou o nome foi a ditadura militar, que governa o país desde 1962. Quarenta e cinco anos depois, a população protesta por democracia e é violentamente reprimida, como em todo bom regime totalitário. Mas isso tudo não é nenhuma novidade, não passa do conflito entre a ditadura e a população de um país periférico, sem nenhuma relevância geopolítica. Normalmente, isso também não passaria de uma nota de poucos segundos na seção "Mundo" dos noticiários. Se não fosse por um pequeno detalhe.

O detalhe é "fodam-se os noticiários, quem precisa deles?". O detalhe se chama Internet. Imagens desse país longínquo, desse conflito distante, feitas pelos próprios civis que presenciavam os confrontos, foram colocadas na rede, denunciando os abusos, e a crueldade das autoridades que não poupavam nem os monges budistas.




E caiu na rede, amigo, é peixe. Houve uma grande sensibilização da blogosfera e logo da comunidade internacional. Uma campanha foi promovida por bloggers do mundo todo. Free Burma.

Um dos principais blogueiros ativistas é Kohtike, um birmanês que vive em Londres. Tentei visitar seu blog, mas aparentemente está com alguns problemas técnicos.

A coisa é tão séria que o governo birmanês cortou a Internet no país, fechou lanhouses, recolheu câmera e celulares, atacou blogs através de vírus, como o de Kohtike. Perceberam rápido qual era a arma mais poderosa e estão tentando acabar com ela.

Minha pergunta é: será que eles vão conseguir? Conseguem impedir que a rede chegue lá? A rede não tem centro, não tem uma cabeça para ser cortada. É um sistema nervoso descentralizado, regenera-se. Apesar do blackout de informações, causado pela interrupção no acesso, quero crer que a rede vai conseguir driblar o sistema.

Além do mais, não se volta atrás naquilo que já foi divulgado e visto. Ainda que se corte a rede, toda a informação que já está nela não pode ser mais apagada ou contida, e seus impactos são igualmente indeléveis. Os meandros da rede não são controláveis, não são coercíveis. O mundo agora já sabe; e a atitude do governo birmanês, de impedir o acesso à Internet no país, só depõe contra o mesmo governo.

E, por fim, ela voltou. E não será mais possível silenciar tantas vozes.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Ciberdemocracia - Prefácio e A Questão do Progresso

Pierre Lèvy é o cara.

Começarei aqui o fichamento do livro Ciberdemocracia. Quero deixar bem claro que esses fichamentos não têm nenhuma ordem cronológica e tb não correspondem à ordem das minhas leituras, mas sim à minha vontade e ao tamanho do meu saco no momento. hehe

Nesta obra, Pierre Lèvy se propõe a elaboração de um filosofia política que se adeque às transformações da democracia na era da cibercultura. Desenvolverá os seguintes conceitos: governação mundial, Estado transparente, cultura da diversidade, ética da inteligência coletiva.

Segundo Lèvy: "... a explosão da liberdade de expressão permitida pela Internet abrem um novo espaço de comunicação, transparente e universal de resto, levando a profundamente renovar as condições da vida pública no sentido de uma liberdade e de uma responsabilidade acrescidas do cidadão". (pg 11)

As idéias base colocadas nesta introdução por Pierre Levy - A perspectiva da emancipação - são as de liberdade e de inteligência coletiva. Ele procura retirar as idéias de progresso e de sentido da história do limbo de tabus intelectuais onde foram colocadas.

"Censuram-me frequentemente por 'ter fé no progresso', por abertamente me situar numa perspectiva de emancipação da Humanidade e, portanto, propagar perigosas ilusões" (...) A invocação de um possível progresso, sobretudo quando parece prolongar uma evolução passada, é imediatamente coberta de ridículo devido ao pretenso princípio científico de acordo com o qual a história não tem qualquer sentido (que não uma eterna luta de poderes)". (pg 16)

Levy permeia discursos "perigosos", como por exemplo a evolução biológica darwiniana, usada tantas vezes indevidamente nas ciências sociais como forma de justificar uma certa configuração de poderes.

"O âmago da síntese neodarwiniana é o triplo mecanismo (1) de mutação aleatória, (2) de seleção em função dos desempenhos de reprodução e (3) de memória cumulativa. (...) Efetivamente, ocorre uma seleção, cumulativa, se certas formas na evolução cultural". (pg 17)

Levy defende que as sociedades em que há mais liberdade individual e, portanto, maior cooperação intelectual, têm uma vantagem competitiva em relação às outras, porque os indivíduos são mais capazes de "atualizar o seu potencial" (pg 17). Assim, "o aperfeiçoamento da inteligência coletiva é o produto e o sentido da evolução cultural" (pg 18).

A democracia "é o regime que encoraja um pensamento coletivo da lei, isto é, traduz a inteligência coletiva em política". (pg 18)

Levy também procura retrabalhar a noção de progresso: ele deixa de ser um processo com um objetivo pré-determinado, para se tornar "um processo (inteligente) de autocriação e não a execução de um plano". O progresso, redefinido por Levy, é moral: "o progresso moral implica que recriemos constantemente instrumentos de orientação ética adaptados a espaços de significação sempre mais lata, assim como a conflitos de valores mais numerosos e mais complexos (...) em direção a um alargamento do espaço do sentido e da liberdade que pode assumir a forma de uma assustadora alteridade". (pg 19)

Assim, o progresso deixa de ser um argumento para a supressão da alteridade, como foi muitas vezes utilizado nos séculos XIX e XX, para se tornar exatamente o processo moral de abertura em direção à mesma.

O progresso, para Levy, não tem um objetivo pré-determinado, e é exploratório. "É precisamente por ser um progresso da liberdade que roça continuamente o caos e a catástrofe". (pg 20)

Por fim, Levy acrescenta que o sentido da história não é, como também por longo tempo foi considerado, um sentido em direção ao ponto em que nos encontramos hoje. Muito pelo contrário: "a meta - o progresso da liberdade humana - situa-se sempre para lá do lugar e do momento atuais". (pg 20) "O sentido da história é a abertura do espaço do sentido. É, se quisermos, transcendente". (pg 21)

O último parágrafo traz mais conceitos importantes para o tema aqui abordado: a responsabilidade e a participação.

"Pomos a nossa esperança não um plano divino pré-concebido, mas no destino de uma liberdade em que participamos". (pg 21)

terça-feira, 2 de outubro de 2007




Ahh, eu amo a vida em rede...

Muito interessante esse blog aqui:

http://rodrigofneves.blogspot.com/


Vou demorar um tempo pra dar uma lida nisso.

Bibliografia

Começo a elencar aqui as leituras que estou fazendo e algumas coisas que me parecem interessantes ler. Até agora, a minha bibliografia gravita em torno de 2 repertórios: um sobre o digital, o virtual e a sociedade de rede, e o outro sobre política e território urbano. Alguns livros ficam um pouco no meio do caminho entre esses dois pontos.

Sobre o digital

Leituras em curso:

  • O que é o virtual - Pierre Lèvy
  • Ciberdemocracia - Pierre Lèvy

Leituras por fazer:

  • A sociedade em rede - M. Castells

Sobre Política/ território urbano

Leituras em curso:

  • Politica e Società Globale - Michele Prospero
Leituras por fazer:

Andei fuçando as disciplinas de Ciência Política no Júpiter em busca de alguns livros interessantes. Achei isso aqui:
  • Política - Aristóteles
  • HABERMAS, J. "Participação Política" in CARDOSO, F.H. & MARTINS, C.E.
    (orgs.) Política e Sociedade (Editora Nacional, 1979).
  • BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia (Rio Paz e Terra, 1986).
  • BENDIX, R. "A Ampliação da Cidadania" in CARDOSO, F. H. & MARTINS, C.E
    (orgs.) Política e Sociedade (Editora Nacional, 1979).
  • O'DONNELL, Guillermo. E eu com isso? Notas sobre a Sociabilidade
    Política na Argentina e no Brasil, in Contrapontos: Autoritarismo e
    Democratização, São Paulo, Vértice, 1986, pp. 121-155.
  • MACHADO da SILVA, L.A. e RIBEIRO, A.C. (1985). "Paradigma e movimentos
    sociais: por onde andam nossas idéias?" In: ANPOCS. Ciências Sociais
    Hoje - 1985. São Paulo: ANPOCS/Cortez Ed.
  • GOTTDIENER, M. (1993). A produção social do espaço urbano. São Paulo:
    EDUSP, Cap 2.
  • MARQUES, E. (2000). Estado e Redes sociais: permeabilidade e coesão
    nas políticas urbanas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan/Fapesp,
    cap. 4.
Vai ter q rolar uma rigorosa seleção entre essas opções... Vai ser muito trabalhoso ler isso tudo....

Preciso ainda adicionar algumas outras coisas interessantes que estão anotadas por aí. Isso será solucionado assim que eu encontrar estes famigerados papéis no caos do meu quarto...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Começou!

Ainda que o bonde já esteja andando. Eu confesso que estava com medo de fazer este blog, porque ele representa o ponto zero de tudo, o começo oficial. Agora não dá mais pra voltar atrás. Ótimo. Eu bem que precisava de um empurrãozinho.

E agora eu vou fazer uma das coisas mais difíceis, na minha opinião, de fazer um TCC: eu vou escrever sobre o que é o meu TCC. Toda vez q me faziam essa pergunta, eu respondia "Hm, veja bem..." e entrava num estado de ansiedade enorme, por desconfiar seriamente de que eu mesma não soubesse.

Mas tudo o que eu preciso é de uma hipótese. E, depois de alguns dias pensando e uma ajudinha do Massimo, talvez eu tenha chegado a alguma coisa:

Eu quero estudar como a comunicação digital modifica a relação entre os indivíduos e os territórios, modificando portanto a relação entre o cidadão e a política, entendida como como gestão do espaço.

A minha hipótese é que o aparato jurídico estatal e a democracia representativa gradualmente afastaram o cidadão do território, restringindo as possibilidades de decisão e intervenção mais diretas e o seu poder político. O advento do digital contribui para reverter essa situação, virtualizando o espaço, e criando meta-territorialidades que subvertem as formas de ação e interação política tradicionais.

Esses meta-territórios, espaços híbridos físico-digitais, seguem a lógica virtualização-atualização de Pierre Lèvy: virtualizados, esses espaços se tornam um conjunto imprevisível de problemáticas baseadas em circunstâncias dinâmicas, que se atualizam, ou seja, se resolvem afetando o espaço físico. O meta-território pode influenciar inclusive o sentimento de pertencimento e o poder de identidade que um território exerce sobre o cidadão.

Modifica-se não só a relação com a cidadania e a participação política, mas também com a representância. Na democracia clássica, o funcionamento do sistema de representância pressupõe uma sociedade atomizada (Michele Prospero); esse sistema entra em crise diante da organização da sociedade em núcleos de interesse e grupos de pressão.


Uma sociedade em rede, então, coloca muitas vezes em cheque esse sistema, questionando o pacto entre cidadão e representante que limita o momento da participação política ao voto.

Trataremos primordialmente das redes sociais de cyberativismo e das redes de blogs - a blogosfera. O blog é um fenômeno bastante interessante, pois é um espaço privado tornado público, com grande potencial de articulação política.

Ufa, por enquanto chega. Esse post exauriu as minhas forças. Foi quase um parto! Bibliografia e leituras em curso ficarão para amanhã.